Podcast (dicionario-feminista): Play in new window | Download | Embed
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Segundo o dicionário inglês-português, stealth significa furto, escondido. De acordo com o dicionário da língua portuguesa, o furto é o ato de subtração da coisa alheia, contra a vontade de seu dono e com intenção de torná-la própria.
O termo stealthing foi adotado principalmente nos Estados Unidos para nomear uma prática muito comum entre os homens, na maioria das vezes, tendo mulheres como vítimas. Durante o ato sexual consentido com o uso de camisinhas, o homem tiraria o preservativo sem avisar a parceira e sem que ela percebesse. Ou seja, isso seria feito de forma furtiva, como sugere a tradução do termo. Dessa forma, a mulher só iria se dar conta de que o sexo foi praticado de uma forma que ela não havia concordado depois que tivesse terminado, trazendo um sentimento, de acordo com vítimas, de violação, desrespeito e falta de autoridade sobre o próprio corpo.
Por conta disso, em 2018 a advogada americana Alexandra Brosky publicou um estudo que revela o quão recorrente tem sido o stealthing, principalmente entre casais heterossexuais. Ela também evidencia a necessidade de criação de leis que tipifiquem tal ato para que seja enquadrado no que hoje é considerado estupro. A advogada britânica especialista em crimes sexuais Sandra Paul concorda com essa visão de Brosky e acrescenta que o stealthing pode sim ser encarado como potencial estupro.
Em janeiro de 2017, um homem na Suiça foi condenado por estupro por cometer o stealthing com a parceira. Em dezembro de 2018, um policial alemão foi considerado culpado por abuso sexual por tirar a camisinha durante o ato sexual. Em abril de 2019, um homem foi condenado a 12 anos de prisão na inglaterra sob o crime de estupro por ter tirado o preservativo durante o sexo sem consentimento da mulher.
No Brasil, o total de homens condenados por stealthing é zero. Alguns casos já chegaram aos escritórios de advogadas especializadas em defesa dos direitos das mulheres, porém nunca vão adiante pois muitas das vítimas acham que vão ser julgadas ou responsabilizadas.
Em um país onde prevalece cultura da culpabilização da vítima e onde apenas 8% dos estupros são efetivamente condenados, fica difícil encontrarmos saída para tal violação dos nossos corpos.
Lembrando que esse episódio faz parte da campanha O Podcast é Delas 2021. Uma campanha criada para promover a maior participação e promoção de mulheres no podcast. Aproveita e procura a #opodcastédelas2021 nas suas redes sociais pra encontrar muitos outros programas.
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* Notas de rodapé desse episódio:
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O beijo da Teka foi para a Bruna do Na Matilha e para a Dra. Gabi. A Julia mandou um beijo para todo mundo do trabalho novo dela.
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* Fontes usadas na produção desse episódio: